30 novembro 2017

Danos Causados por PVC

Considere as seguintes questões:

Selos e Cédulas são ambos feitos geralmente em papel. Logo, o que vale pra um, também vale para o outro, e também para qualquer material colecionável feito em papel, tal como apólices, documentos antigos, etc.

Leuchtturm, assim como outras marcas de primeiríssima linha que produzem álbuns e acessórios para filatelistas e numismatas, tais como Lindner, Hawid, Prinz, SAFE, Importa, Yvert et Tellier, Stanley Gibbons, KABE, Scott, etc, utilizam uma espécie de plástico denominado POLIÉSTER (PET), também chamado pelos nomes fantasia de "Mylar" ou "Rhodhoid", dependendo do país. Esse tipo de plástico foi desenvolvido especialmente a pedido de museus de arte, para acondicionar documentos valiosos/históricos sem que o tempo as deteriore. Algumas dos fabricantes supracitados também utilizam o POLIPROPILENO (PP), que tem qualidade semelhante. Tanto a PET quanto a PP são totalmente inertes, não se alteram com o tempo. Não mudam de cor, não começam a rachar ou craquelar, não liberam ácidos, não vão ressecar. E por isso mesmo, custa caro.

Marcas mais "populares", de origem nacional, de origem chinesa, ou de origem duvidosa, etc, utilizam materiais inferiores, e por isso custam bem menos. No geral, utilizam um plástico denominado POLICLORETO DE VINILA (PVC), repleto de aditivos químicos que o tornam o plástico mais flexível (mais mole) que o PET e o PP descritos acima. De todos os tipos de plástico, esse é o pior plástico possível pra se armazenar cédulas, selos e moedas, ou qualquer objeto de coleção, pois não é inerte.

A lenta degradação natural da celulose dos papéis de selos e cédulas, os vapores das tintas neles impressas, os metais das moedas, todos interagem quimicamente com o PVC, que passa a liberar HCl, ou seja, ÁCIDO CLORÍDRICO, o mesmo ácido que temos no estômago pra digerir alimentos. Nem preciso dizer que isso é sinônimo de desastre à vista. O HCl é extremamente ácido. O H+ em contato com a peça de coleção, mais o O2 (oxigênio) mais o CO2 (Gás Carbônico, encontrado em abundância na atmosfera, e mais ainda no ar de cidades poluídas) vai causar o amarelamento das fibras de celulose nos papéis, e o famoso ''verdete'' nos metais. É fácil verificar o processo, e é rápido, com poucos dias de armazenamento já é possível averiguar que todo o design da moeda já começa a ficar como que ''impresso'' no plástico, com uma camada branca. Pra piorar, o Cl- em contato com umidade atmosférica forma ácido hipocloroso HClO, e daí pode sair de tudo, até mesmo ácido clórico HClO3. Ou seja, estamos atacando a peça de coleção com Di-Hidróxi-carbonato de Cobre-II (nas moedas com cobre na liga), como também com os ácidos clorídrico, hipocloroso e clórico.

Isso em papéis causa o amarelamento e ressecamento das fibras de celulose, tornando o selo ou cédula quebradiço, até esfarelar por completo com o tempo. A tinta impressa no selo/cédula também começa a desbotar fortemente. As folhas de PVC dos álbuns se tornam amareladas, grudentas, ressecadas e quebradiças.

Já nas moedas, os danos causados pelo PVC se apresentam como uma gosma verde, cinza ou leitosa, e às vezes se apresenta nas peças como manchas. As moedas de Cobre são as mais suscetíveis aos efeitos ácidos do PVC, seguidas das de Prata, Ouro e Platina. Se eram flor de cunho, o prejuízo será grande, pois as peças estarão arruinadas para sempre.

Há um detalhe importante: Uma vez que uma moeda danificada por PVC entra em uma coleção, o resíduo de PVC daquela única moeda pode se espalhar para as demais, como um vírus. Por isto, é fundamental evitar adquirir moedas com danos de PVC. Manchas esverdeadas ou cinzentas, ou algo parecido com um “pó branco” são os sintomas claros.

Moedas com superfícies limpas ou polidas, também devem ser evitadas, pois talvez tenham sido esfregadas justamente para remover resíduos de PVC. Esta, aliás, é a razão principal pela qual as moedas limpas ou polidas deixaram de ser bem vindas na numismática mundial, exceto em determinadas casas numismáticas antigas instaladas no Brasil. Pelo mesmo motivo, os numismatas devem eliminar de suas coleções quaisquer moedas que exibam sintomas de contaminação. Alguns resíduos de danos iniciais causados por PVC podem ser eliminados das moedas lavando-as com acetona 100% pura por cerca de 30 segundos, porém os efeitos deletérios do PVC são irreversíveis. Para papéis (selos e cédulas) não há remédio, a não ser o lixo.

Por desconhecimento ou má-fé, os vendedores tentam empurrar cédulas manchadas com o eufemismo de “manchinhas do tempo”. São danos causados por PVC, em sua maioria, e tais peças não devem entrar em coleções sérias. O problema é tão grave, que as empresas de classificação de moedas não aceitam peças que contenham até mesmo os menores vestígios de danos causados por PVC, e os selos contaminados por PVC, por estarem desbotados e com papel quebradiço, desvalorizam no mínimo 90% para o caso de selos caros. Os baratos e comuns, vão direto ao lixo.

"Leuchtturm ou outras marcas de qualidade são muito caras". Depende do que você vai por dentro dos álbuns. São moedas circuladas, baratinhas, comuns, que se compram nas ''bacias das almas'' das feiras numismáticas, vendidas ao kilo? Ou são moedas flor de cunho, caríssimas? São cédulas ou selos comuns, ou são cédulas e selos flor de estampa, mint, de maior valor? Se suas peças valem muito mais que o álbum, então não é caro.

Uma forma de “economizar” é utilizando envelopes para as moedas, de preferência feitos com papel acid-free, com envoltório em papel vegetal, igualmente acid-free, seguindo o «Método Bulgarelli». Este método, porém, tem a desvantagem de ser necessário desembrulhar cada peça para visualizar a coleção.

Siga as instruções dos especialistas e das autoridades no assunto. Aqui há um artigo específico sobre ''selos e plásticos'' com suas devidas interações químicas explicadas em detalhe, criado por Roger Rhoads, do comité de preservação e cuidados de materiais filatélicos da American Philatelic Society, dos EUA: https://stamps.org/userfiles/file/pcpm/StampsPlastics.pdf

Espero que este texto o faça repensar o armazenamento de sua coleção.

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Atualização em 24 Junho ‘2020:

Este artigo foi reproduzido no site «Numismática Castro» em 13 Dezembro ‘2017.
Link: https://numismaticos.com.br/do-acondicionamento-de-moedas-notas-e-selos-em-plastico-pvc/

29 novembro 2017

De volta à Mordor…

Na obra de J. R. R. Tolkien, Mordor é a região ocupada e controlada por Sauron, no sudeste do noroeste da Terra Média e ao leste do Anduin, o grande rio. Orodruin, um vulcão em Mordor, era o destino da Sociedade do Anel (e mais tarde Frodo Baggins e Samwise Gamgee) na missão de destruir o Um Anel.

Nós podemos facilmente associar Mordor à comunidade numismática brasileira, um ambiente extremamente hostil, onde reinam alguns velhíssimos “Saurons” que empesteiam as entidades, sociedades e clubes numismáticos, comerciantes jurássicos que disseminam a semente da ignomínia, da soberba e da arrogância. Estes Saurons costumam se achar melhores pessoas que os demais, apenas por terem moedas caras em vossas coleções.

Além disso, ainda temos que aturar uma legião inteira de criaturas imbecis rastejantes saídas diretamente dos infernos, parecidas à vermes. Kurt Prober os denominava «bizonhos». O Dr. Solano de Barros os chamava de «nulóides» e «pulhas». Eu os chamo de «Golluns», e são geralmente vendedores, leiloeiros e rifeiros de moedas sujas e oxidadas encontradas no troco do pão. Não de boas peças de coleção, mas exatamente disto mesmo: Moedas circulantes, atuais, sujas e oxidadas e/ou com anomalias minúsculas e insignificantes, além de cédulas de cruzado e cruzeiro imundas, mofadas e esfarrapadas. Nas redes sociais, são como os gafanhotos.

My Precious…

Os gollum são facilmente reconhecidos não só por serem inacreditavelmente mal educados, mongolóides, feios e burros, mas por terem ZERO conhecimento em numismática, mas querem ensinar! Escrevem com uma ortografia de leitura sofrível, costumam defecar pela boca uma miríade de bobagens sobre numismática em vídeos do YouTube, disseminando ainda mais a pestilência “olímpica”. Alguns destes também gostam de colocar numismatas de renome em “Listas Negras” por meros R$ 5, e principalmente, costumam esbravejar e proferir palavras de baixo calão quando, de forma gratuita, são ajudados ou orientados. São criaturas perigosas, costumam andar em bando, e as vezes estão armados com uma escova de latão, grafite em pó, cera automotiva «Grand Prix», Pimenta «Gota», Vinagre e Catchup, e as vezes até mesmo com «Bombril».

Contra tudo isso, o «Caderno Numismático» está de volta e vai atacar com 10, com FORÇA TOTAL, para destruir o Um Anel da ignorância numismática. O ataque será brutal e não haverão prisioneiros! Vamos passar o Panzer por cima de todos estes!


Tanque de Guerra «T- 64BM Bulat», das Forças Armadas da Ucrânia


Si vis pacem, para bellum! Pimentorum annus outrem refrescorum est.

Estamos de volta!