26 outubro 2016

Quanto Vale a minha Coleção?

Uma dúvida comum que sempre surge entre os colecionadores é justamente esta. Será que, caso algum dia resolva vender meu acervo acumulado cuidadosamente por anos, eu recupere ao menos o valor gasto? Ou, quem sabe, tenha até mesmo lucro?

Isto depende de diversos fatores:

A cultura do país onde se está montando seu acervo é um fator muito importante. Para citar um exemplo: Cartas e envelopes circulados com selos da França ou Inglaterra do período 1850-1870 são vendidas no mercado por valores que oscilam entre € 2 a € 5 cada. Existem aos milhares. Já um envelope com selos do Brasil do mesmo período são absolutamente caros e inalcançáveis para a maioria dos colecionadores, e isto se explica pelo fato de que na Europa, as correspondências eram guardadas, como arquivos familiares. Já no Brasil, e em outros países do terceiro mundo, a missiva era posta ao lixo tão logo fosse lida, ou atirada fora em um “bota-fora” de papéis velhos sem serventia.

Carta circulada para a cidade de Hull, Inglaterra, com selo «Penny Red» emitido em 1841
O terceiro selo postal emitido pela Inglaterra e também no mundo! Catálogo Michel #3.
Valor de mercado de uma peça destas, com 175 anos de idade? R$ 40 (quarenta reais).
Gostou desta peça? Eu te vendo por este valor, e tenho várias outras ainda mais baratas, basta entrar em contato.


Um outro exemplo: Moedas com a anomalia “mula”, como o último caso conhecido no Brasil («50 Centavos sem o zero»). Tal anomalia em qualquer moeda dos Estados Unidos, teria valor na casa dos 5 a 6 dígitos. No Brasil, é vendida por poucos trocados, por não haver forte procura pela peça, e principalmente por haver um completo desconhecimento e entendimento do que vem a ser tal peça.

Também não é a “antiguidade” que define. Papiros egípcios legítimos do tempo dos faraós, Moedas romanas com 2 mil anos de idade, ou 960 Réis do Brasil em prata e com 200 anos de idade podem ser compradas no mercado por poucos trocados. Já uma moeda cunhada recentemente, pode ser muito mais valiosa, mesmo sendo relativamente comuns e fáceis de encontrar, justamente por haver forte procura e pouca oferta (p. ex., 10 Centavos 1999 Flor de Cunho, 1 Real Entrega da Bandeira Olímpica, etc).

A qualidade da coleção também é um fator importante. Selos modernos, somente tem valor de mercado se novos com goma. Moedas modernas, salvo poucas exceções, somente flor de cunho. Cédulas, igualmente impecáveis, sem dobras, sujeira, rasuras ou manchas, tal como saíram do banco.

É comum pensar que as peças possuem “alto valor histórico” por conterem sinais do tempo e de manuseio, sujeira, amassados, manchas, etc, mas este é um argumento que o mercado simplesmente não aceita. Você pode até preferir na sua coleção ter selos carimbados ou moedas sujas, ensebadas e circuladas, cédulas rasgadas e mofadas. Mas, saiba que este é um casamento! Se pensar em vender depois, a procura será baixa, e dificilmente recuperará o valor investido.

Mas o fator mais importante de todos, ao meu ver, é: AQUILO que se coleciona, ou seja, objeto da sua coleção, pois é o determinante principal da procura e da oferta. Por exemplo, moedas de Ouro. Na pior e mais terrível das hipóteses, recupera-se parte do valor investido vendendo a peso, em joalharias. Por outro lado, você pode ter um magnífico acervo de documentos com assinatura de alguma importante figura do passado, mas se somente você ou algumas pouquíssimas pessoas igualmente de gosto exótico também colecionarem ou tiverem interesse nestes itens, prepare-se para ouvir propostas de aquisição de sua peças a valores extremamente baixos, senão ofensivos aos ouvidos, valores geralmente bem abaixo do que foi pago inicialmente. Sua peça pode ser inclusive única e insubstituível. Mas se praticamente ninguém se interessa por elas, o valor venal com certeza é muito baixo e não adianta espernear por isso. Logo, por mais que se goste das peças, por mais importância histórica que tenham, o mercado é cruel, e o mesmo não atribui cotações a valores sentimentais, e sim, à procura e à oferta.

Por isto, para evitar prejuízos ou aborrecimentos futuros, deve-se ler o máximo que puder sobre os objetos que compõem seu acervo, e especialmente ficar atento para o mercado que há para suas peças e qual a procura e oferta que há pelas mesmas.

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